segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A arte a longo prazo

Gustav Klimt, O beijo




























“Quando você gasta 300 mil dólares num carro importado, as pessoas descobrem duas coisas a seu respeito: você é rico e seus filhos não serão".
Eugênio Mohallem

Arte a longo prazo: grandes achados podem se tornar excelentes negócios
por Ana Maria Peres

"Jamais comprei arte como investimento, mas foi o melhor investimento da minha vida." As palavras do coleccionador e ex-corretor de bolsa Raul Forbes mostram que boas obras de arte trazem embutido em seu valor estético um alto valor económico. Ganhar dinheiro com pinturas e fotografias não é o que a maioria dos coleccionadores almeja. Mas o facto é que, cada vez mais, aumentam as possibilidades de se fazer bons negócios com arte brasileira. Há 10 anos um quadro de Beatriz Milhazes custava, em média, US$ 12,5 mil. Hoje, presente em acervos de museus como MOMA, Metropolitan e Reina Sofía, uma pintura de grande porte assinada pela artista não sai por menos de US$ 80 mil.
"No final da década de 80, houve uma profissionalização das galerias e muitos artistas começaram a ser conhecidos fora do país. Hoje, a arte brasileira ocupa lugar estratégico no mundo e tende a crescer", afirma o galerista Fabio Cimino, que representa artistas como Nelson Leirner, Caio Reisewitz e Rochelle Costi. Com a ebulição dos contemporâneos, agora é possível ter acesso a obras que, possivelmente, terão os valores multiplicados em alguns anos. "É difícil prever quem vai ficar para a história da arte, mas eu penso que vídeo tem muita probabilidade de valorizar. Quem compra agora tem a vantagem de poder escolher as melhores obras e pagar preços baixos", aposta Daniel Roesler, da Galeria Nara Roesler.
Investir em arte demanda tempo e, claro, dinheiro. Sem pesquisa e bons conselhos dificilmente o objectivo é alcançado. "Não adianta chegar na galeria e comprar um quadro sem saber o que é. Tem que conversar com os galeristas, descobrir a trajectória do artista", afirma Cimino. Segundo o director artístico da Galeria Fortes Vilaça, Alexandre Gabriel, a procura vai além. "Há diversos museus e instituições que apresentam artistas emergentes que ainda nem estão nas galerias. É essencial acompanhar as mostras e exposições."
A arte moderna brasileira alcançou preços inimagináveis nas últimas décadas. Actualmente, um bom quadro assinado por Tarsila do Amaral, Ismael Nery, Portinari ou Di Cavalcanti chega a valer entre US$ 1 milhão e US$ 3 milhões. Em 1984, Raul Forbes comprou a obra Abaporu (1928), de Tarsila, por US$ 200 mil. "Disseram que eu estava louco porque um Portinari não chegava a valer US$ 180 mil. Em 1995, vendi o Abaporu por US$ 1,35 milhão, para o coleccionador argentino Eduardo Costantini. Há poucos anos, ele construiu o Malba-Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires. Ofereceram US$ 15 milhões pela obra, que é a peça central do museu. E ele não vende", afirma.

Segundo o marchand Paulo Kuczynski, que há 35 anos negocia obras modernistas, os grandes negócios são as obras-primas. "É a importância estética que agrega valor a uma obra. Somente as coisas extraordinárias não perdem o valor. Mas o investimento em arte vale pela emoção que as grandes obras podem despertar", acredita. Se no mercado de arte moderna o retorno é maior porque as obras são escassas e os nomes, consolidados, na arte contemporânea a lógica é diferente. "O mercado de modernistas tem maior liquidez, mas também são mais caros. Arte contemporânea precisa de tempo para maturar o artista, é uma linguagem que muita gente ainda não entende. A valorização das obras costuma levar uma década", explica Cimino. "Há sete anos, quando começamos a trabalhar com Nelson Leirner, pouca gente comprava suas obras, que custavam em torno de US$ 4 mil. Hoje, há trabalhos de que valem US$ 70 mil".
www.sp-arte.com/revistasparte/2006/oesp2006.p...

Proposta de actividade:

1. A partir do texto, justifica a afirmação: "Jamais comprei arte como investimento, mas foi o melhor investimento da minha vida."

2. Considera a arte e a cultura um novo eixo de desenvolvimento económico, de criação e geração de valor? Justifique a sua opinião, para a fundamentar investigue como foi construída a colecção, o investimento feito, o retorno desse investimento, o número de visitantes das colecções, a divulgação nacional e internacional, etc., por exemplo, da colecção de arte contemporânea de Joe Berardo, que se encontra no CCB, em Lisboa ou a colecção de design e moda de Francisco Capelo, presente no Museu do Design do CCB.

3. Se fosse coleccionador de arte, qual seria a obra de arte que tentaria adquirir e porquê?


Andy Warhol, Marilyn
Vicent Van Gogh, Starry Night

5. Compare as duas obras de arte aqui propostas e, a partir da consulta de uma História da Arte, mostre qual a corrente estética em que inserem estes quadros.


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