domingo, 24 de janeiro de 2010

Acordo Ortográfico: Uniformização da grafia é «essencial» à internacionalização da Língua Portuguesa - ministro da Cultura

O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, está confiante na implementação do novo Acordo Ortográfico e salientou a necessidade de uniformização da grafia como "essencial" à internacionalização da língua portuguesa.
Para o ministro, o acordo ortográfico que será debatido na manhã de sexta-feira no Parlamento, "vai ajudar a afirmar a língua portuguesa no mundo". "Não é possível termos uma política de afirmação e universalidade da língua portuguesa na OUA (Organização de Unidade Africana), na SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), na União Europeia, nas Nações Unidas, no Mercosul (Mercado Comum da América do Sul), ou na Organização Ibero-Americana, sem haver uma forma unitária de escrever os documentos", sublinhou.
Para além da uniformidade "essencial" à projecção internacional da língua, em declarações à Lusa o ministro salientou que em debate está apenas a sua entrada em vigor, pois o Acordo já foi ratificado por Portugal em 1991. O governante minimizou os impactos do novo acordo, nomeadamente na área económica que, à luz dos anteriores acordos, será "pouco".
Reconhecendo que o Governo "não tem contas" sobre o impacto, o ministro afirmou que "o envolvimento financeiro, pelo que se viu no passado, será pouco".
O titular da pasta da Cultura disse que os acordos de 1911, 1931, 1946, e de inícios dos anos de 1970 "não significaram uma extraordinária alteração da nossa vida". "Ninguém deita os livros fora, eu continuo a ter o Dicionário de Moraes dos anos 30", referiu.
Quanto à implementação da nova grafia do português, o ministro declarou que "o Governo estará atento e cauteloso para que nós não tenhamos nesta área rupturas" e prometeu "formação de professores". Quanto à área editorial, prognosticou que "não haverá nenhuma perturbação" mas também aqui afirmou que o Executivo "estará atento".
Refira-se que, na terça-feira, em declarações na Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura, Pinto Ribeiro estimou que "em seis anos" o novo acordo estará implementado e aceite pela comunidade.
Na entrevista à Lusa, Pinto Ribeiro salientou que o novo acordo abre "um mercado mais extenso e um universo de leitores muito maior" e mostrou-se confiante na força empresarial do sector. "Há empresas editoriais com grande vigor financeiro e com grande capacidade organizativa e de gestão" longe da "fragilidade" que caracterizava outrora o sector, sublinhou. Por outro lado, referiu, o salto tecnológico que diminuirá os respectivos custos de produção. Outra área em que a "grafia trará custos menores será na das ferramentas informáticas". "O 'office' custará menos e será entendido por todos os falantes de português", exemplificou Pinto Ribeiro.
O titular da pasta da Cultura salientou ainda que a "uniformidade da grafia simplificará também os léxicos técnico e científico". O ministro afastou a possibilidade qualquer "perturbação cultural ou de qualquer outra natureza".
Relativamente aos escritores, o ministro afirmou à Lusa que continuarão a ter "toda a liberdade criativa" e citou os exemplos dos poetas Fernando Pessoa e Herberto Helder. Pessoa, aquando de um acordo ortográfico [1931], afirmou que concordava mas iria continuar a escrever cisne com "y", tanto mais que a letra lhe lembrava o pescoço da ave. Herberto Helder num mesmo poema seu, utiliza "por expressa vontade" as grafias "bêbedo" e "bêbado".
Quanto à divulgação da língua, o ministro afirmou haver uma "disponibilidade política para recentrar o discurso", sendo esta uma das bases da política cultural.
O ministro anunciou a criação de um fundo, em parceria com outros ministérios, nomeadamente o dos Negócios Estrangeiros, para a divulgação da língua portuguesa, nomeadamente nos países em vias de desenvolvimento. "Fazer mais pela língua portuguesa" será uma das tónicas da sua política pretendendo um maior "aprofundamento" e "qualificação" de modo a ser uma "língua de identidade, aprendizagem e de liberdade".
Referindo-se ao Instituto Camões (IC), que tem tido a responsabilidade de divulgação e projecção da língua e cultura portuguesas, bem como do ensino do idioma no estrangeiro, Pinto Ribeiro afirmou que, "tal como já enfatizou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, é preciso refundar o Instituto Camões".
"Há que reorganizar e redefinir todos os instrumentos que permitem a utilização e a divulgação da língua e da cultura portuguesas, nomeadamente toda a rede de institutos", disse.
O Governo apresenta na sexta-feira para discussão e aprovação no Parlamento o diploma sobre o Acordo Ortográfico que Portugal assinou em 1990 no âmbito de uma cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que foi ratificado pela Assembleia da República a 04 de Junho de 1991. (…)
Em 2002, numa cimeira da CPLP em Brasília, decidiu-se que qualquer acordo entra em vigor desde que esteja depositado em Lisboa o terceiro instrumento de ratificação; o que já aconteceu, uma vez que os instrumentos de ratificação pelo Brasil, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde foram já depositados.
Lusa, 15 de Maio de 2008

Proposta de actividade:

1. Exponha, a partir do texto, quais as vantagens do Acordo Ortográfico.


2. Investigue e identifique algumas das palavras que em Portugal terão uma nova grafia, de acordo com o Acordo Ortográfico.


3. O acordo prevê a alteração na maneira de escrever das pessoas que falam a língua portuguesa. Investigue e identifique qual dos países lusófonos sofrerá uma maior alteração do vocabulário.


4. Apresente alguns dos argumentos a favor e alguns dos argumentos contra o Acordo Ortográfico.


5. O Acordo Ortográfico tem sido tema de controvérsia pública. Qual a sua opinião sobre o acordo? Justifique a sua posição.





Sem comentários:

Enviar um comentário